terça-feira, 26 de maio de 2015

A peça mais importante da bateria

Olá pessoal, leitores e leitoras do Blog da Garagem !

Gostaria de iniciar esta série de colunas perguntando a vocês, qual a peça mais importante que vocês devem considerar em um kit de bateria? Sei que muitos vão pensar: a caixa ou os pratos. Mas estão errados! Apesar de todos nós adorarmos um belo som de caixa, um mágico som de prato de condução e por aí vai, a peça mais importante a hora de comprar é o ... BANQUINHO !!! Sim, o banquinho é a peça número um a ser considerada! "Joel, você está ficando louco? Acabei de comprar uma bateria de 12 mil reais e você vem falar no banquinho?"

Sim! Vamos pensar. Se você possuir uma caixa mediana ou menos, com um som que não te agrade em nada, isto lhe causará algum problema de saúde ? Não. Se você possuir pratos que mais parecem tampas de latas, o que mais trarará de problemas além da vontade de jogá-los pela janela ? Agora, se você tiver o hábito de usar aquele banco de cozinha, uma cadeira velha da sala ou comprou aquele banquinho de "cemzão" só porque o vendedor falou que servia para começar, pode saber que em pelo menos três meses você vai começar a sentir algum desconforto nas costas e se insistir no banquinho ruim, pode ter certeza que as dores vão chegar.

Exemplo de bancos "péssima compra" :





O banquinho é de fato seu ponto de equilíbrio no kit. É nele que você estar sentado por horas e horas fazendo algo que você ama, que é tocar bateria. Você precisa estar, no mínimo, bem confortável.
Tenho visto muitos bateristas, profissionais ou não, que usam banquinhos medíocres, sem o menor conforto ou que ofereçam uma boa estabilidade na hora de tocar. Daí claro, já chegam reclamando de dor na bunda ou nas costas. É muito mais barato você investir em um banco decente do que em fisioterapia ou mesmo alguma medicação caso a coisa se torne complicada. Ao chegar em uma loja para comprar um banco, faça como se fosse comprar um colchão: experimente!
Sente nos bancos disponíveis, de preferência como se fosse tocar em uma das baterias da loja.

Repare na regulagem. Existem tipos diferentes, como hidráulicos, de rosca, de memória e parafuso (este último acho o mais barato e pior). Alguns têm regulagens incríveis, como amortecedores, como este da foto abaixo.


Tudo depende realmente de seu peso e como sua anatomia responde à do banco. Quanto a assentos, existem vários tipos também. Redondos, anatômicos, formato de selim, com recorte, com espessura dobrada e até quadrados!  Também existem aqueles com encosto, que ajudam muito na postura, mas que são um pouco chatos de carregar e custam bem mais. Repare nas fotos dos diversos tipos de bancos.







Normalmente escolho bancos que possuem três pés, mas existem de quatro pés também.



Confesso que nunca usei e acho que três pés asseguram bem a estabilidade. Confira o tipo de pezinhos. Sugiro os mais emborrachados e resistentes. Não esqueça: você depende deles para uma boa estabilidade. Repare também se o banco não apresenta nenhum jogo entre as travas ou memórias ou mesmo entre o encaixe do assento e o pino da ferragem. O que vale mesmo é você poder se sentar nele na hora da compra! Até a década de 60 eram comum os famosos "canister drum stools", fixos, sem mobilidade, que pareciam um cano de madeira com um assento em cima. Isto era assim porque até a década de 40 se carregavam algumas peças dentro do "drum stool".



Mas hoje você pode e deve se beneficiar de toda tecnologia e usar bancos que possam assegurar seu movimento no kit de forma segura. Na década de 30 é que apareceram os primeiros bancos anatômicos, mas de madeira, como o que usava Gene Krupa. Particularmente gosto dos bancos com selim estilo motocicleta e os redondos com espessura dobrada e maior tamanho, mas vai de cada baterista. Já usei certa vez um modelo com assento estilo selim de bicicleta e para mim não funcionou. Depois de duas horas de show eu estava "amortecido" (risos). Os hidráulicos são bacanas porque ficam em qualquer altura e são rápidos para regular. Só necessitam de cuidado para transportar, para não bater e assim vazar o gás (o qual pode ser recarregado).

Então, meus amigos(as) bateras, pensem bem quando forem comprar seu instrumento ou acessórios.
Não deixem de lado um bom banco só porque já gastaram muito com a bateria ou pratos.

Não tenha vergonha de, ao estar na loja, pedir para ver, testar e sentar nos modelos disponíveis e assim garantir que a peça mais importante da bateria seja aquela que se encaixa (literalmente) de modo perfeito com você!

 


sábado, 16 de maio de 2015

Fender Telecaster Richie Kotzen

Praticamente todas as vezes que vou escolher uma guitarra para falar na coluna aqui da Garagem, eu me deparo com algum modelo e penso: “Como não falei dessa guitarra ainda?”. Mas a verdade é que são tantas as possibilidades e tantos os grandes guitarristas que têm sua linha signature, que – felizmente – sempre vai sobrar assunto. A guitarra desta semana é de um cara muito especial, que teve vários tipos de carreira e até hoje é multifacetado e versátil em tudo o que faz: Richie Kotzen. Richie começou a despontar no final dos anos 80 na época da Shrapnel Records, de Mike Varney, um cara que sempre buscava novos talentos. Os primeiros álbuns de Kotzen foram instrumentais e virtuosos. No começo dos anos 90, após a saída de CC de Ville do Poison, Richie entrou para a banda e ficou conhecido de uma forma diferente, agora mais abrangente, não só pelos amantes da música instrumental mas também por fãs de hard rock. Após a saída do Poison, Kotzen deslanchou em uma carreira solo de incrível produtividade (com participações constantes em outras bandas e álbuns), se firmando como um grande compositor e vocalista, além de um guitarrista fora do comum. A guitarra da semana é a sua Fender Telecaster Richie Kotzen Solid Body.


A Telecaster RK conta com um corpo em ash e um top em maple laminado, com uma pintura em sunburst de duas cores, pela qual se pode ver o desenho da madeira, em uma proposta clássica e sóbria. O friso creme ao redor de todo o corpo contribui para essa proposta e dá um toque especial, combinando com o escudo, também em creme e com uma única camada. O braço é em maple, com escala de 25,5”, e em um formato “Large C”, ou seja, o shape tradicional da Fender, porém um pouco mais grosso, perfeito para quem tem uma pegada forte e precisa de uma área de contato bem firme com a guitarra.  A trasteira é em maple, com uma angulação de 12”, e conta com 22 trastes jumbo e marcações de abalone dot (bolinha).


Na parte elétrica, a Telecaster Richie Kotzen conta com dois captadores mais do que especiais. Na posição da ponte, um mini humbucker DiMarzio DP384 Chopper T (chamado de “o irmão mais alto e forte do Fast Track T”), e na posição do braço um single-coil DiMarzio DP173 Twang King, que como o nome já diz, possui um brilho e um “estalo” diferenciados. A RK possui um knob de volume e um knob rotatório que coloca os caps em série ou em paralelo, dependendo do que o guitarrista prefere em diferentes momentos. A chave é a tradicional de três posições, alternando entre cada um dos caps sozinhos ou os dois ligados ao mesmo tempo.


As ferragens são douradas, combinando com a tonalidade “honey” do sunburst. A ponte conta com seis carrinhos para uma regulagem perfeita das oitavas, afinal por mais vintage que alguns sons de Kotzen sejam, há sempre o momento virtuoso em seus álbuns e shows, o que exige uma afinação sem oscilações. As tarraxas são Gotoh Cast com trava e o headstock conta com a assinatura de Kotzen, como uma guitarra signature não poderia deixar de ter. Outro diferencial é o corpo abolado na parte de trás, para um encaixe mais confortável ao tocar, principalmente quando o guitarrista está em pé. Vale lembrar que esta guitarra é Made in Japan, uma raridade hoje em dia e também uma garantia de qualidade acima da média.


É isso, galera! Curtam o fim de semana e venham visitar a Garagem sempre que quiserem!




sábado, 9 de maio de 2015

Epiphone Blueshawk Deluxe

Já que semana passada falei da Fender American Vintage ’52 Telecaster, uma das guitarras mais clássicas de todos os tempos, esta semana, para contrastar, falarei de um lançamento da Epiphone para 2015, a Blueshawk Deluxe. Quem acompanha a história do Gibson e da Epiphone já deve ter visto uma guitarra semelhante a esta, a Nighthawk, uma espécie de Les Paul “modernizada”, com curvas mais acentuadas, captadores levemente angulados e uma estética compatível com o final dos anos 80 e começo dos 90. A Blueshawk também já esteve no mercado um pouco mais de duas décadas atrás, mas agora volta na edição Deluxe, com vários detalhes inovadores.


A Epiphone Blueshawk Deluxe conta com um corpo em mahogany e um top em maple, reto (flat) na parte da frente, mas abaloado na parte de trás, para se encaixar melhor no corpo do guitarrista e ter um melhor equilíbrio quando o instrumentista tocar em pé. Este modelo conta ainda com dois f-holes, indispensáveis em guitarras semi-acústicas. O braço, também em mahogany, é em formato “D”, mais robusto que o tradicional “C”, mas não tão espesso quanto o formato “U”, que vem em guitarras como a Telecaster Antigua. A trasteira é em rosewood, com 22 trastes medium jumbo e marcações pearloid em formato “diamante”. Tanto o corpo quanto o braço contam com frisos na cor creme.


Na parte elétrica, a Blueshawk Deluxe conta com dois captadores single P-90, mais especificamente um P-90R Pro Single Coil na posição do braço e um P-90T Pro Single Coil na posição da ponte. Para a redução de ruído quando cada captador é usado isoladamente, dentro do corpo da Blueshawk, entre os captadores, há um “dummy” (uma bobina inativa), facilitando a vida do guitarrista, principalmente quando algum pedal de distorção está ligado. A chave de três posições tem as funções tradicionais, porém este é o modelo “slide”, aquela chave que “desliza” de posição para posição, uma proposta mais vintage. Estes captadores são baseados nos single coils clássicos da Gibson dos anos 50 e 60, com as mesmas dimensões e ímãs Elektrisola Alnico V.


Em termos de timbre, a Blueshawk oferece um grande diferencial que proporciona muitas possibilidades. É o Rotary VariTone, um knob de seis posições que, em cada posição, aplica um redução em frequências específicas para uma maior adaptabilidade do timbre da guitarra dependendo do que é desejado quando a guitarra dialoga com outros instrumentos e precisa se destacar. Na posição 1, o filtro é desligado, e a partir da posição 2 até a 6, as frequências escolhidas variam gradualmente das mais altas para as mais baixas. Os knobs são de volume e tonalidade, contando ainda com um sistema Push/Pull que aplica um bypass no sistema VariTone, não deixando nenhum rastro de interferência que possa restar.

Para finalizar, a Blueshawk conta com uma ponte flat em nickel, cordas thru-body (colocadas pela parte de trás da guitarra) para um maior sustain, e tarraxas Epiphone Deluxe. O hard case não está incluído, mas pode ser comprado separadamente. 


Curtiram? Venham visitar a Garagem e tomar um café com a gente!




sábado, 2 de maio de 2015

Fender American Vintage '52 Telecaster

Após mais de um ano escrevendo semanalmente sobre guitarras aqui no Blog da Garagem, esta semana me dei conta de que ainda não havia escrito sobre uma guitarra que não pode faltar na lista das mais importantes e tradicionais de todos os tempos: a Fender American Vintage ’52 Telecaster. Também conhecida como Butterscotch Tele, esta guitarra foi vista inúmeras vezes nas mãos de nomes como Keith Richards e Bruce Springsteen. Apesar de ser chamada de ‘52, foi lançada pela primeira vez em 1951 e se tornou um clássico que nunca mais foi esquecido. De tempos em tempos a Fender lança uma edição reissue.


Tentando ser o mais fiel aos modelos originais da década de 50, esta Telecaster possui um corpo em ash com aquela cor amarelada transparente, pela qual você pode ver os desenhos da madeira por baixo. O braço é em maple e em formato U, o mais grosso e redondo da Fender, o que provoca uma divisão bastante grande entre os guitarristas. É o formato de braço verdadeiramente “ame ou odeie”. Eu venho tocando em uma ’52 há um mês e no começo realmente estranhei, apesar do braço ser muito parecido ao da Antigua, mas logo me acostumei e posso dizer que é uma das guitarras mais macias e aveludadas dentre os modelos “old school” que já toquei.


A trasteira é em maple com 21 trastes vintage-style e marcações “dot” (bolinha), tradicional da Fender. O escudo, preto, chama a atenção por ter apenas cinco parafusos (mais tarde a Fender começou a colocar mais parafusos, pois algumas partes do escudo ficam “descoladas” do corpo em lugares com muito espaço entre cada parafuso). Outra característica dos parafusos (todos da guitarra) é que eles são no antigo modelo “chave de fenda” e não “chave Philips”, como você pode ver pelas fotos acima e abaixo. As tarraxas são vintage-style e levemente envelhecidas, assim como o resto das ferragens. A ponte conta com apenas três carrinhos, o que não permite uma regulagem perfeita das oitavas, fazendo com que cada instrumento tenha de ser “descoberto” pelo guitarrista para que a afinação fique certa na base da pressão correta das cordas ou de um leve bend na corda que precisar de uma ajuste de afinação. Pra deixar a coisa ainda mais vintage, os carrinhos são “bronze” (diferentemente das peças cromadas) e a ponte vem com “Patents Pending” escrito, para simular a época em que a guitarra era vendida sem que o registro da ponte tivesse sido finalizado.


A parte elétrica da ’52 também é top de linha. O som desses captadores é muito acima da média da maioria de outras Telecasters. Eles tanto podem soar vintage e tradicionais, como com um bom overdrive, têm um punch e uma textura menos ardida e mais presente do que normalmente você esperaria de uma Tele. Tanto o cap da posição do braço como da ponte são American Vintage ’52 Tele, ou seja, como diz o nome, feitos exclusivamente para ela. Os knobs são os tradicionais de volume e tonalidade, e a chave de três posições também a clássica, afinal, em uma guitarra imortal da década de 50, a ideia era criar um instrumento sem grandes firulas e com a melhor qualidade possível. A 52’ vem com um hard case próprio, na cor bege, como você pode ver na primeira foto.



Bom fim de semana a todos e venham visitar a Garagem!