Caros
leitores, primeiramente gostaria de me apresentar. Meu nome é Felipe Ayres, sou
curitibano, músico, compositor e também lido com pós produção de áudio. A
convite do meu querido amigo Luciano, estou aqui pra postar periodicamente
textos, imagens e vídeos sobre música, porém sempre tentando fazer um
paralelo com áudio e tecnologia (e preferencialmente o lado B dela). Isso nos levará a falar bastante de
música eletrônica (ou da eletrônica na música) e trazer reviews de equipamentos
interessantes.
Pra
começar a conversa; Radiohead, Kid A e Ondes-Martenot!
Falar bem de Radiohead pode ser uma redundância. Como fã da banda,
fazer review de algum álbum acredito que já seria desnecessário. No
entanto, escolhi o Kid A para que eu pudesse fazer o link com
esse instrumento bastante desconhecido e peculiar, que talvez teria
virado somente história se não fossem por algumas pessoas que ainda o
perpetuam.
Sim, se você curte Radiohead, é óbvio que você curte o Ok Computer, não é? quem não? Mas para o próprio Thom
Yorke, o OK Computer os jogou num lugar que ele definitivamente não
queria estar. E agora, com uma obra prima em mãos, o que viria a seguir?
Corresponder as expectativas não seria nada fácil. E então lançaram o KID
A.
Pra mim,
definitivamente um dos melhores da banda, e apoio completamente a escolha de
terem ido para um lado muito diferente do OK Computer (que teria sido
provavelmente o movimento mais conveniente para muitas bandas experimentando o
sucesso).
O Kid
A traz “How to Disappear Completely”; música composta por Yorke na
época do OK Computer, contando exatamente essa experiência horrível da fama e de “como desaparecer completamente”. Mas além disso, o
álbum veio repleto de elementos eletrônicos, e em sua grande maioria,
analógicos. Não é novidade que Thom Yorke sempre quis fazer um trabalho assim e
que se pudesse, faria o Radiohead ter soado como Aphex Twin há
muito tempo. Falemos então do assunto principal deste post: o Ondes-Martenot.
Neste
video de "Cymbal Rush" (do álbum solo de Yorke), vemos o
genial Greenwood usando um
instrumento
bem atípico, com teclas e uma linha metálica presa por um anel.
Pois é,
esse ainda não é o Ondes-Martenot propriamente dito, mas é o irmão
portátil que o
Greenwood
desenvolveu com uma empresa britânica, para que ele não precisasse levar
em
viagens o
seu raríssimo Ondes-Martenot original.
Abaixo
estão algumas fotos de um instrumento original com seus auto-falantes:
Dá pra
perceber que o ele é nada portátil e pela raridade, é extremamente
arriscado e complicado
de se transportar.
Falando
rapidamente sobre a história desse instrumento eletrônico (para que o post não
fique muito grande), ele foi criado pelo francês Maurice Martenot em 1928
e traz um som semelhante ao Theremin. No entanto o controle sobre
as notas no Ondes-Martenot é completamente diferente e mais versátil. Baseado em
osciladores e geradores de frequência, ele traz esse arame por onde o
controle das notas é feito em forma de glissando (com todos os comas
ou notas entre as notas). Com a mão esquerda, controla-se a intensidade e a articulação do som através de um botão sensitivo chamado "touche". O instrumento também traz vários auto-falantes diferentes
que ajudam a formar o timbre do instrumento.
O Ondes-Martenot já
não está em produção desde 1988, porém uma nova empresa começou a construir o
mesmo instrumento, mas com o nome de Óndea e custa uma fortuna (sim,
já perguntei, pois ainda sonho em tocar). Grandes nomes como Christine Ott
(integrante da banda de Yann Tiersen com quem já tive o prazer de conversar
pessoalmente), Thomas Bloch e o próprio Jonny Greenwood fazem o instrumento ser
um pouco mais conhecido e apresentam concertos específicos para o Ondes-Martenot.
Se você
quer aprender a tocá-lo, sinto informá-lo que não é nada fácil achar algum
conservatório que o ensine. A grande concentração de professores se encontra na
França, e acredito ser a melhor chance para poder por as mãos num desse. Como
um grande entusiasta do instrumento, há muitos anos pesquiso sobre, com a
esperança de um dia poder ir até um desses conservatórios ao menos pra ver um
de perto.
Como a
idéia aqui não é criar algo muito extenso e técnico, fico a disposição para
quaisquer dúvidas que os nobres leitores tiverem sobre esse ou outros assuntos
relacionados. Se quiser entrar em contato é só acessar meu site www.felipeayres.com ou me mandar um e-mail no contact@felipeayres.com
Muito obrigado e até a próxima!
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